A conferência Dare2Change reuniu no Centro de Congressos do Super Bock Arena, no Porto, cerca de 350 participantes para debater e antecipar aqueles que são os desafios do setor agroalimentar. A iniciativa, organizada pela PortugalFoods, Colab4Food e INIAV, I.P., deu a conhecer desenvolvimentos revolucionários, novas perspetivas e investigação em temáticas como a sustentabilidade, a nutrição ou novas tendências que irão alterar o setor agroalimentar.
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Utilizar tecnologia Blockchain e smart contracts para combater a fome no mundo ou redesenhar o conceito dos pratos e produtos do futuro não são utopias ou frases retiradas de livros de ficção científica.
O aproveitamento dos subprodutos da indústria para melhorar o fabrico dos alimentos, assim como a customização da nutrição foram algumas das tendências apresentadas, a par de projetos inovadores e criativos, como a criação de uma proteína a partir do ar, numa das palestras que galvanizou o muito público presente.
A preocupação com a sustentabilidade esteve no centro das intervenções dos palestrantes, que lembraram que as alterações climáticas (e as suas consequências, como os incêndios em Portugal ou as cheias na Alemanha) e os problemas de saúde (como o peso excessivo de milhões de europeus e americanos) já têm respostas por parte da comunidade científica – que têm em conta a adequada alteração de comportamentos dos consumidores e a criação de soluções nutricionais que vão ao encontro das necessidades das sociedades.
O impacto do reaproveitamento dos subprodutos da indústria, da utilização de materiais sustentáveis nas embalagens e da melhoria dos processos de digitalização nas cadeias de fabrico, entre outras alterações em curso no setor, foram o tema central do dia dedicado à Ciência.
O encerramento ficou a cargo da Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, que, num discurso em livestreaming, valorizou os milhões previstos no Plano de Recuperação e Resiliência e na Agenda de Inovação para a Agricultura 2030, como contributo fundamental para a modernização e crescimento do setor.
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A abertura do segundo dia do evento foi feita pelo Secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, que colocou em evidência a visão empreendedora das empresas e o papel dos clusters portugueses no crescimento da inovação e das exportações.
Na sua intervenção, mostrou como a fileira é capaz de entrar nos países mais diversos: “É, provavelmente, o único setor em que alguns dos seus maiores mercados são extracomunitários, como o Brasil e os EUA, onde temos verdadeiros produtos-estrela”. O Investimento Direto Estrangeiro no setor foi outro dos realces no discurso do Secretário de Estado da Internacionalização, com “vários investimentos fortes nos frutos secos, nos frutos vermelhos, no azeite, no vinho”, como exemplos do potencial do Agroalimentar no País.
Este dia da conferência, focado no negócio, teve a intervenção de empresas e de entidades como a AICEP, que apresentaram estratégias para a indústria agroalimentar, já em execução ou em projeto, com impacto na cadeia de valor, através de parcerias entre organizações nacionais e internacionais. Foram, também, analisados com maior profundidade a transição digital, a adoção de novas tecnologias com impacto no negócio e como contributo para o aumento da competitividade do setor.
A ambição exportadora da fileira vínica nacional e a estratégia de comunicação das marcas para a valorização do seu país de origem – Portugal – tiveram abordagens cativantes, motivando diálogo aceso entre a plateia e os palestrantes, e sublinhando a exigência de uma abordagem com mais criatividade, atrevimento e conhecimento.
O painel final, com o tema da inovação no marketing e na comunicação de marcas, num mercado global cada vez mais desafiante, deu palco ao trabalho inovador de alguns dos maiores players do Agroalimentar na abordagem ao mercado e ao consumidor: empresas como a Cerealis, Sonae MC, Super Bock Group e Sociedade da Água de Monchique mostraram como, de forma criativa, fazem alinhar, nas suas estratégias de marketing, a preocupação com a sustentabilidade com a satisfação das necessidades dos consumidores e a antecipação de tendências.
Inovação & Empreendedorismo
Enquadrados no Dare2Change decorreram ainda dois concursos: um de posters científicos; e um concurso de empreendedorismo, Ideas4Sharks, que teve como objetivo reconhecer e premiar a criação de ideias e de negócios inovadores e sustentáveis no Agroalimentar.
Em relação aos posters, saiu vencedora Stéphanie Reis, da equipa do Colab4Food, com o poster “Market Trends in mood and energy-boosting food”. A organização entendeu dar nove menções honrosas, premiando assim investigação de alunos e investigadores da Universidade de Aveiro, Universidade do Minho, Universidade Católica Portuguesa, Instituto Superior de Agronomia, Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em parcerias com entidades científicas e empresas.
No concurso Ideas4Sharks, o vencedor foi o projeto Oh!Snack, uma iniciativa da Salsicharia da Gardunha – empresa associada da PortugalFoods – que criou snacks e bites de frango e peru, não fritos e temperados com ingredientes de origem natural, sendo lentamente secos a baixa temperatura. Uma inovação saudável que permitiu criar uma nova marca numa empresa dedicada aos enchidos tradicionais.
Amândio Santos, Presidente do Conselho de Administração da PortugalFoods, resumiu desta forma o evento: “O setor Agroalimentar mostra uma enorme vitalidade e evolução tecnológica. E esta conferência mostrou que este ecossistema colaborativo, entre a Ciência, a Investigação Aplicada e a Indústria, tem respondido às necessidades do consumidor. O conhecimento que o Sistema Científico e Tecnológico transmite tem sido bem aplicado. Este evento deu-nos a conhecer as melhores práticas, a investigação e as tendências a nível global, que permitem ampliar o conhecimento, a criatividade e a capacidade empreendedora de todos”.